"None but ourselves can free our minds." (Bob Marley)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Primeiro Projecto - Resultado Final

Na primeira proposta da disciplina de Design de Comunicação Visual foi-nos sugerido seleccionar uma música e, posteriormente, interpreta-la e representa-la visualmente, recorrendo aos elementos básicos e às técnicas de comunicação visual. Simplificando, o objectivo era criar a capa e o próprio desenho do CD. Tal como já havíamos referido em mensagens anteriores, a musica pela qual optamos foi “No woman no cry” de Bob Marley porque consideramos que seria um bom desafio e também porque ambas gostamos imenso desta música.

A verdade é que tivemos alguma dificuldade em traduzir aquilo que gostaríamos e aquilo que a musica representava para nós numa composição visual, mas após algumas tentativas chegamos a um resultado que apesar de não considerarmos perfeito, traduz o essencial.

Em relação à imagem, o fundo preto desta imagem, pretende remeter automaticamente para a escuridão da noite, os pontos luminosos no cimo da imagem, representam estrelas, tendo portanto o mesmo objectivo do elemento anterior (dar a ideia de um céu nocturno).

Como elemento fulcral desta composição, se bem que não colocado no centro da imagem, temos dois olhos de uma mulher que chora. Este olhar, vago e triste, vertendo uma lágrima, pretende ilustrar essencialmente o titulo, que é a tese da canção.

Por sua vez, é a imagem abaixo que recebe a atenção do observador primeiramente, devido à sua cor que também contrasta com a imagem acima. Tal facto, previamente pensado por ambas. Isto porque, segundo a nossa interpretação da letra escolhida, esta pretende transmitir uma mensagem que passa pelo fim da tristeza sentida, através da recordação de um passado feliz. O facto deste momento se encontrar em destaque, justifica-se pelo nosso entendimento da mensagem. Isto é, para nós, é importante que os momentos felizes vividos no passado, sejam relevantes ao ponto de serem realçados perante um momento de tristeza (como o vivido pela mulher que chora - representado na imagem a cima). Tal como refere o titulo “No woman no cry”.

Relativamente aos elementos e técnicas da comunicação visual, também se torna fácil identifica-los. Começamos logo pela unidade de comunicação visual mais simples e irredutivelmente mínima” (DONDIS,1991), o ponto, representado pelas pequenas estrelas no céu. Podemos também falar no elemento cor, que apesar de ser bastante neutra acaba por permitir realçar a fogueira e a lagrima de uma forma mais subtil. No caso da dimensão da lágrima e dos olhos relativamente ao resto da imagem, também se deve referir o elemento escala.

As técnicas presentes na imagem são também variadas, podemos falar em equilíbrio e planura e em simultâneo em espontaneidade, porque consideramos que os elementos incluídos na imagem podem não ter uma relação obvia e esperada. A imagem tem um misto de duas técnicas que normalmente se opõem: a opacidade e a transparência, a opacidade presente na área da fogueiras e das silhuetas, e a transparência através do olhar e da lagrima. Podemos também falar de distorção, isto porque aplicamos alguma manipulação da realidade; bem como de difusão, isto porque a imagem não é clara, ou seja a sua interpretação não é facilitada porque prima pelo sentimento e pela imaginação. Consideramos que poderá ser ainda possível falar em episodicidade, isto porque é poissivel falar em elementos distintos dentro da propria imagem e que à primeira vista podem sugerir alguma desconexão ou conexões muito frágeis, “é uma técnica que reforça a qualidade individual das partes do todo, sem abandonar por completo o significado maior.” (DONDIS, 1991).

Foi um projecto que nos deu bastante prazer realizar porque nos permitiu ter toda a liberdade e usar a imaginação e criatividade. Admitimos que a nível técnico possam existir algumas falhas, mas a verdade é que não estamos habituadas a trabalhar com o photoshop. Apesar dos desafios e de algumas dificuldades, consideramos o resultado final bastante satisfatório. O nosso objectivo era fazer transparecer a ideia chave da musica, bem como as palavras seleccionadas e na nossa opinião isso foi conseguido.

Ana Pedro Arriscado
Teresa Teixeira


Imagem final




domingo, 20 de março de 2011

Memória descritiva individual

A imagem pela qual optei faz parte de uma campanha publicitária da marca Benetton e nesta é fácil identificar algumas das técnicas e dos elementos básicos da comunicação visual das quais falamos. Escolhi esta imagem porque sempre considerei as campanhas desta marca bastante persuasivas e que marcam, normalmente, pela diferença. Esta fotografia em particular captou a minha atenção assim que a vi em revistas e cartazes pela cidade, a brincadeira de cores e texturas e a própria expressão das modelos cativam o olhar.

Os elementos presentes são, como já referi, variados e alguns deles bastante evidentes como é o caso do tom/tonalidade, que surge entre a luz e a obscuridade e permite exprimir a dimensão das coisas. Um outro elemento básico da comunicação essencial nesta imagem é a cor, provavelmente aquele que maior impacto tem à primeira vista e que acaba por ter maior afinidade com as emoções, entre os cabelos e os diferentes têxteis presentes; juntamente com a textura, elemento visual que com frequência serve de substituto para as qualidades de outro sentido, o tacto e que nesta imagem sobressaem pela cor, movimento e sobreposições. O movimento também parece estar presente na imagem, pela posição dos cabelos das modelos, e constitui um outro elemento básico responsável por atribuir dinamismo às figuras e imagens.

Relativamente às técnicas de comunicação visual também é possível verificar a sua presença, podemos falar em instabilidade, isto porque a imagem é marcada pela ausência de equilíbrio e, de uma certa forma, uma formulação visual inquietante e provocadora; a assimetria é também uma técnica facilmente perceptível, bem como a profusão, isto é o acréscimo de detalhes e ornamentos a um design básico com o objectivo de o embelezar, como o caso das cores do cabelo, da maquilhagem e dos tons e sobreposições da própria roupa e acessórios. Uma outra técnica é a ousadia, que tem como principal objectivo captar a atenção de um certo publico, e esta é uma das características que costumo ligar a esta marca, a ousadia em arriscar e tentar obter a máxima visibilidade.

Apesar de considerar que o publico normalmente não se apercebe da presença de elementos e técnicas da comunicação visual, após termos algum conhecimento sobre o tema apercebemo-nos da sua importância na imagem.


 

sexta-feira, 4 de março de 2011

Técnicas de Comunicação Visual

Tal como o conhecimento dos elementos básicos da comunicação visual é essencial para a sua percepção e boa utilização, também as técnicas visuais têm um papel crucial. Estas oferecem ao designer uma grande variedade de meios para a expressão visual do conteúdo.
Seria impossível enumerar todas as técnicas disponíveis, ou, se o fizéssemos, dar-lhes definições consistentes. Contudo, tendo em conta as limitações, cada técnica e seu oposto podem ser definidos em termos de uma polaridade.

Equilibrio/Instabilidade
Depois do contraste, o equilíbrio é o elemento mais importante das técnicas visuais.O equilíbrio é uma estratégia de design em que existe um centro de suspensão a meio caminho entre dois pesos. A instabilidade  é a ausência de equilíbrio e uma formulação visual extremamente inquietante e provocadora.


Equilibrio

Instabilidade 
Simetria/Assimetria
O equilíbrio pode ser obtido numa manifestação visual de duas maneiras: simétrica e assimetricamente.Simetria é uma formulação visual totalmente resolvida, em que cada unidade situada de um lado de uma linha central é rigorosamente repetida do outro lado. Assimetria é exactamente o oposto.

Simetria
Assimetria
Regularidade/Irregularidade
A regularidade no design constitui o favorecimento da uniformidade dos elementos, e o desenvolvimento de uma ordem baseada em algum princípio ou método constante e invariável. Seu oposto é a irregularidade, que, enquanto estratégia de design, enfatiza o inesperado e o insólito, sem ajustar-se a nenhum plano decifrável.

Regularidade 
Irregularidade
Simplicidade/Complexidade
A ordem contribui enormemente para a síntese visual da simplicidade, uma técnica visual que envolve a imediatez e a uniformidade da forma elementar, livre de complicações ou elaborações secundárias. A sua formulação visual oposta, a complexidade, compreende uma complexidade visual constituída por inúmeras unidades e forças elementares, e resulta num difícil processo de organização do significado no âmbito de um determinado padrão.

Simplicidade 
Complexidade
Unidade/Fragmentação
A unidade é um equilíbrio adequado de elementos diversos numa totalidade que se percebe visualmente. A fragmentação é a decomposição dos elementos e unidades de um design em partes separadas, que se relacionam entre si mas conservam o seu carácter individual.
Unidade
Fragmentação
Economia/Profusão
A presença de unidades mínimas de meios de comunicação visual é típica da técnica da economia, que contrasta de muitas maneiras com o seu oposto, a técnica da profusão. A economia é uma organização visual parcimoniosa e sensata na sua utilização dos elementos. A profusão é carregada em direcção a acréscimos discursivos infinitamente detalhados a um design básico, os quais, em termos ideais, atenuam e embelezam através da ornamentação.

Economia
Profusão
Minimização/Exagero
A minimização é uma abordagem muito abrandada, que procura obter do observador a máxima resposta a partir de elementos mínimos. O exagero deve recorrer a um relato profuso e extravagante, ampliando a sua expressividade para muito além da verdade, na sua tentativa de intensificar e amplificar.

Minimização
Exagero
Previsibilidade/Espontaneidade
A previsibilidade sugere, enquanto técnica visual, alguma ordem ou plano extremamente convencional. Seja através da experiência, da observação ou da razão, é preciso ser capaz de prever de antemão como vai ser toda a mensagem visual, e fazê-lo com base num mínimo de informação. A espontaneidade, por outro lado, caracteriza-se por uma falta aparente de planejamento. É uma técnica saturada de emoção, impulsiva e livre.

Previsibilidade
Espontaneidade
Actividade/Estase
A actividade como técnica visual deve reflectir o movimento através da representação ou da sugestão. A postura enérgica e estimulante de uma técnica visual activa vê-se profundamente modificada na força imóvel da técnica de representação estática, a qual, através do equilíbrio absoluto, apresenta um efeito de repouso e tranquilidade.

Actividade
Estase
Subtileza/Ousadia
Numa mensagem visual, a sutileza é a técnica que escolheríamos para estabelecer uma distinção apurada, que fugisse a toda obviedade e firmeza de propósito. A ousadia é, por sua própria natureza, uma técnica visual óbvia, o seu objectivo é obter a máxima visibilidade.

Subtileza
Ousadia
Neutralidade/Ênfase
Um design que parecesse neutro seria, em termos, quase uma contradição, mas na verdade há ocasiões em que a configuração menos provocadora de uma manifestação visual pode ser o procedimento mais eficaz para vencer a resistência do observador, e mesmo a sua beligerância. Muito pouco da atmosfera de neutralidade é perturbada pela técnica da ênfase, em que se realça apenas uma coisa contra um fundo em que predomina a uniformidade.

Neutralidade
Ênfase
Transparência/Opacidade
As polaridades técnicas de transparência e opacidade definem-se mutuamente em termos físicos: a primeira envolve detalhes visuais através dos quais se pode ver, de tal modo que o que lhes fica atrás também nos é revelado aos olhos; a segunda é exactamente o contrário, ou seja, o bloqueio total, o ocultamento dos elementos que são visualmente substituídos.

Transparência
Opacidade
Estabilidade/Variação
A estabilidade é a técnica que expressa a compatibilidade visual e desenvolve uma composição dominada por uma abordagem temática uniforme e coerente. Se a estratégia da mensagem exige mudanças e elaborações, a técnica da variação oferece diversidade e sortimento. Na composição visual, contudo, essa técnica reflecte o uso da variação na composição musical, no sentido de que as mutações são controladas por um tema dominante.

Estabilidade
Variação
Exactidão/Distorção
A exactidão é a técnica natural da câmera, a opção do artista, é o modelo do realismo nas artes visuais. A distorção adultera o realismo, procurando controlar seus efeitos através do desvio da forma regular (muitas vezes através da manipulação), e, em alguns outros casos, até mesmo da forma verdadeira. 

Exactidão 
Distorção
Planura/Profundidade
Essas duas técnicas são basicamente regidas pelo uso ou pela ausência de perspectiva, e são intensificadas pela reprodução da informação ambiental através da imitação dos efeitos de luz e sombra, característicos do claro-escuro, com o objetivo de sugerir ou de eliminar a aparência natural de dimensão.

Planura
Profundidade
Singularidade/Justaposição
A singularidade equivale a focalizar, numa composição, um tema isolado e independente, que não conta com o apoio de quaisquer outros estímulos visuais, tanto particulares quanto gerais. A mais forte característica dessa técnica é a transmissão de um ênfase específico. A justaposição exprime a interacção de estímulos visuais, colocando, como faz, duas sugestões lado a lado e activando a comparação das relações que se estabelecem entre elas.

Singularidade
Justaposição
Sequencialidade/Acaso
No design, uma ordenação sequencial baseia-se na resposta compositiva a um projeto de representação que se dispõe numa ordem lógica. A ordenação pode seguir uma fórmula qualquer, mas em geral envolve uma série de coisas dispostas segundo um padrão rítmico. Uma técnica casual deve sugerir uma ausência de planejamento, uma desorganização intencional ou a apresentação acidental da informação visual.

Sequencialidade
Acaso
Agudeza/Difusão
A agudeza como técnica visual está estreitamente ligada à clareza do estado físico e à clareza de expressão. Através da precisão e do uso de contornos rígidos, o efeito final é claro e fácil de interpretar. A difusão é suave, preocupa-se menos com a precisão e mais com a criação de uma atmosfera de sentimento e calor.

Agudeza
Difusão
Repetição/Episodicidade
A repetição corresponde às conexões visuais ininterruptas que têm importância especial em qualquer manifestação visual unificada. As técnicas episódicas indicam, na expressão visual, a desconexão, ou, pelo menos, apontam para a existência de conexões muito frágeis. É uma técnica que reforça a qualidade individual das partes do todo, sem abandonar por completo o significado maior.

Repetição
Episodicidade
Estas técnicas são apenas alguns dos muitos possíveis modificadores de informação que se encontram à disposição do designer. Muitas outras técnicas visuais podem ser exploradas, descobertas e empregadas na composição visual de elementos.

Mais  uma vez toda a informação foi retirada da obra"Sintaxe da linguagem visual" de Donis A . Dondis.